terça-feira, 2 de março de 2010

9. Casa de Massagem


Olho para aquele envelope magro de dinheiro na mesa, olho para a cara dele, sentado a minha frente e rio do ridículo daquela situação.
            —Só isso? — Eu pergunto recontando o dinheiro pela terceira vez sem acreditar naquela merreca.
            —Só. — Ele diz lendo o jornal sem sequer levantar os olhos.
            —Como você espera que eu sustente dois filhos com essa merda?
            Ele me olha e dá um sorriso cínico.
            —Não é problema meu. — Ele responde. — Você é quem veio me pedir emprego, sua puta, você é quem quis se prostituir sabendo que você custa o que você vale.
            Saio da sala a passos largos e mergulho no neon do clube reparando nas outras garotas. Ele tinha razão, eu não valho muito mais do que recebi; é o pior clube da Augusta e devo ser a mais velha daqui. Um cliente entra e se senta no bar. É a minha deixa.
            —Me paga um drinque, gato? — Eu digo passando a mão na coxa dele.
            —Desculpa, mas quantos anos você tem? — Ele me pergunta logo de cara.
            —Trinta e quatro. — Eu digo tirando quase quatro anos.
            —Você é muito velha.
            —Broxa. — Eu resmungo me levantando, mas ele ouve.
            —Como é, sua vadia? — Ele grita e me puxa pelo cabelo para perto dele. — Do que você me chamou?
            Algumas pessoas são sensíveis demais. O bafo dele está impregnado de whisky e cerveja, até eu poderia derrubá-lo de tão bêbado. As outras meninas fecham um círculo a nossa volta, prontas para me defender caso eu precise.
            Não, eu não preciso. Vejo uma garrafa vazia de cerveja no balcão que não hesito em quebrar na cabeça dele. Quando ele finalmente me solta, aponto-lhe o vidro quebrado.
—Eu disse bro-xa! Seu escroto! Não se mexe assim comigo.
O sangue escorre cobrindo o rosto dele enquanto o covarde filho-da-puta corre pra fora do clube.
O dono sai de sua sala.
—Você ficou louca, sua cachorra? — Vejo fúria e medo misturados nos olhos dele. —Agora a polícia vai baixar aqui e eu vou em cana, puta barata!
O som das sirenes se aproxima enquanto eu vejo o medo crescendo ainda mais nos olhos dele.
—Não é problema meu. — Eu digo indo embora.

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